terça-feira, 3 de maio de 2011

Um poema para um poeta


Nascera em Lisboa,
No ano de 1524
Um grande poeta se tornou
Que hoje é recordado

Da baixa nobreza era a sua família
Que eram gente boa
Educação e afecto recebeu
Na sua infância em Lisboa

Domina o latim
A história antiga e moderna
Qualquer coisa assim
Que se tornou eterna

Maior figura da literatura portuguesa,
E um grande poeta do ocidente
Navegou no tempo
Para a sua história ser coerente

Um grande livro escreveu,
Os Lusíadas, a principal epopeia
Voltou atrás na história
Que nos descobrimentos passeia


Soldado em Ceuta foi,
Aí perdendo um olho.

No ano de 1552 seguiu para a Índia
Soldado e funcionário ele foi,
Trabalhando todo o dia

Em 1569 iniciou o regresso a Lisboa
Diogo do Couto, o historiador
Encontrou-o em Moçambique
A viver na penúria com muito calor

Em 1570 desembarcou
No regresso a Portugal
Com os seus antigos companheiros
Que é o destino normal

Com os serviços no Oriente
D. Sebastião concedeu-lhe uma tença
E a Obra dos Lusíadas,
Mais um livro que hoje compensa

A 10 de Junho de 1580
Luís de Camões faleceu,
Desapareceu na miséria

E agora escrevo eu

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quando Eu Via o Triste Fim que Davam os Meus Amores


Quando Eu Via o Triste Fim que Davam os Meus Amores




O cisne, quando sente ser chegada
A hora que põe termo à sua vida,
Harmonia maior, com voz sentida,
Levanta pela praia inabitada.

 Deseja lograr vida prolongada,
E dela está chorando a despedida;
Com grande saudade da partida,
Celebra o triste fim desta jornada.


Assim, Senhora minha, quando eu via
O triste fim que davam meus amores,
Estando posto já no extremo fio,
 

Com mais suave acento de harmonia
Descantei pelos vossos desfavores
La vuestra falsa fe y el amor mio.

Lágrimas Tristes Tomarão Vingança

Lágrimas Tristes Tomarão Vingança


Se somente hora alguma em vós piedade
De tão longo tormento se sentira,
Amor sofrera, mal que eu me partira
De vossos olhos, minha saudade.

Apartei-me de vós, mas a vontade,
Que por o natural na alma vos tira,
Me faz crer que esta ausência é de mentira;
Porém venho a provar que é de verdade.

Ir-me-ei, Senhora; e neste apartamento
Lágrimas tristes tomarão vingança
Nos olhos de quem fostes mantimento.


Desta arte darei vida a meu tormento,
Que, enfim, cá me achará minha lembrança
 Sepultado no vosso esquecimento.

Amor um Mal que Falta quando Cresce

Amor um Mal que Falta quando Cresce

Aquela fera humana que enriquece
A sua presunçosa tirania
Destas minhas entranhas, onde cria
Amor um mal que falta quando cresce;


Se nela o Céu mostrou (como parece)
Quanto mostrar ao mundo pretendia,
Porque de minha vida se injuria?
Porque de minha morte se enobrece?


Ora, enfim, sublimai vossa vitória,
Senhora, com vencer-me e cativar-me;
Fazei dela no mundo larga história.



 Pois, por mais que vos veja atormentar-me, Já me fico logrando desta glória
De ver que tendes tanta de matar-me.




Alma Minha Gentil, que te Partiste

Alma Minha Gentil, que te Partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
 
Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
 
E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quanto Mais vos pago, Mais vos Devo

Quanto Mais vos pago, Mais vos Devo

Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só com vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.

 Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los;
Donde já me não fica mais de resto.

Assim que Alma, que vida, que esperança,

E que quanto for meu, é tudo vosso:
Mas de tudo o interesse eu só o levo. 

Este me parecia preço honesto;
Porque é tamanha bem-aventurança

O dar-vos quanto tenho, e quanto posso,
Que quanto mais vos pago, mais vos devo.

Lágrimas de Honesta Piedade e Imortal Contentamento

Lágrimas de Honesta Piedade e Imortal Contentamento

Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia, 
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas a alva neve.

Jura Amor, que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoidece, se cuida que é verdade.

A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.

Olhai como Amor gera, em um momento,
De lágrimas de honesta piedade
Lágrimas de imortal contentamento.